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Velho 21-05-2009, 15:58
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Por Defeito Orgone por InBlack

Deixo-vos aqui uma pequena historia que ando a escrever, ainda nao ta completa e completamente corrigida mas penso que se le bastante bem.

Orgone


1

Era uma noite quente de verão e algo de estranho pairava no ar. Algo diferente das outras noites daquele verão. Sentia-se um cheiro misto a cinzas e gasolina e ao longe, na cidade, ouviam-se as sirenes dos bombeiros. Talvez fosse só um acidente. Era algo normal à noite. Talvez fosse só isso.
Como já acontecia a algum tempo, André acordava sobressaltado à noite, como se tivesse acabado de vir de um grande e aterrador pesadelo. Assentou os cotovelos nos seus joelhos e esfregou a cara. Estava ofegante e completamente suado e tinha a pulsação aceleradíssima. Parecia que a sua cabeça iria rebentar a qualquer momento. Olhou para a janela aberta do seu quarto e viu ao longe uma cidade diferente do que normalmente costumava ser naquela altura do ano.
Levantou-se para ir a janela apanhar um pouco de ar e subitamente ouviu um barulho lá em baixo. Procurou o taco de basebol do seu irmão, agarrou-o e dirigiu-se lentamente para a porta do quarto. Afinal já não era a primeira vez que lhe assaltavam a casa esse mês. Quando ia a descer a escadas reparou que o barulho tinha vindo de dois contornos enormes com luzes e lasers a apontar em todas as direcções, como se procurassem algo, até que, subitamente apontam directamente na direcção dele. André quase que morreu de susto e correue rapidamente para o quarto. Aquilo era surreal pois parecia tudo menos um assalto. Correu para a cama do irmão e tentou acordá-lo. João acordou sobressaltado com a gritaria do irmão mais velho:
“O que é que se passa?” perguntou João com uma expressão de sono.
“Está alguém lá em baixo e viram-me! Acho que vêm cá para cima e parecem estar armados... ” sussurrou André.
“Vamos lá para fora, rápido!” continuou André.
Os irmãos correram para a janela do quarto e olharam para a cidade: CidadeNova, que outrora era uma cidade iluminada, calma e silenciosa, estava agora transformada num autêntico inferno na Terra. Chamas ardiam nos edifícios no horizonte e o som de helicópteros e tanques por todo o lado era constante. Parecia uma autêntica guerra ali mesmo ao pé deles. Era provável que fosse uma. Depois de verem todo aquele pesadelo galgaram a janela e ficaram no telhado.
Teriam de saltar dali…

2

Teriam de saltar para sair dali...
E assim o fizeram. O André sentou-se a beira do telhado e desceu para o jardim da casa. O João ao ver as luzes e os lasers a aparecerem no seu quarto atirou-se logo e caiu em cima do irmão:
“Podias ter mais cuidado, não?” disse o André;
“Eu vi eles virem para o nosso quarto!” gritou o João;
“Calma! Não podemos chamar a atenção deles… temos que procurar ajuda.” sussurrou o André;
Levantaram-se e olharam à sua volta e viram mais uma vez a imagem desoladora da cidade. Mas desta vez via-se algo que eles não tinham visto antes: viam-se vultos por todo o lado apesar de a rua estar muito escura. Parecia mesmo uma invasão na cidade. Tinham que sair dali...
Desceram a rua a correr à procura de alguém que os ajudasse. Afinal era impossível que estivessem todos mortos. Foram batendo às portas dos vizinhos a espera que aparece-se alguém que os ajudasse. Ninguém apareceu. Foi então que o André se lembrou: tinha um revólver antigo que tinha pertencido ao seu avô que agora poderia dar jeito.
Voltaram atrás e entraram lentamente em casa para terem a certeza que nada ou ninguém os via. Tiveram sorte. A casa estava completamente vazia. Subiram até ao sótão e o André pegou numa caixa poeirenta que estava em cima de um baú antigo, soprou-a e abriu-a. Lá estava um revólver que apesar de ter um aspecto de muita idade parecia estar em muito bom estado. Tinha seis balas. Eram as únicas que eles tinham.
“Para que é que queres a pistola do Avô?” perguntou o João;
“Sei que estas coisas que andam por ai e que estiveram cá em casa não vieram para nos dar festas. Vieram para fazer mal. Tenho a certeza. Senão porque achas que haveria motivo para se ouvir tantos tanques e helicópteros lá fora?” disse o André. Ele tinha a certeza que o que tinha acabado de dizer era a realidade. Só podia ser.
“Acho que tens razão.” concluiu o João.
Desceram as escadas do sótão e o João correu a buscar o bastão de basebol. Assim pelo menos não se sentia desarmado apesar de ser uma arma muito fraca. Lembraram-se de ligar o rádio. Estava mesmo a passar o que eles queriam: uma emissão de emergência. “Daqui NovaFM. Isto é uma frequência de emergência. Avisam-se todos os cidadãos da possibilidade de uma invasão estar em curso por parte desconhecida. Os dados não podem ser confirmados. Não é possível contactar as autoridades apesar de se verificar que já se encontram militares dentro da cidade. Fim da emissão.” Significava que pelo menos uma pessoa estava viva na cidade. Tinham que se encontrar com ela.
“Achas mesmo que é boa ideia ir ter com esta pessoa?” perguntou o João;
“Acho que é a melhor hipótese. Talvez nos possa ajudar. Temos que arriscar.” disse o André.
Talvez não fosse a melhor opção que eles tivessem feito naquela fatídica noite…

3

Talvez não fosse a melhor opção que eles tivessem feito naquela fatídica noite…
Ou talvez fosse.
Desceram as escadas do quarto e correram para a porta. Abriram-na cuidadosamente para não terem uma surpresa por detrás. Não estava lá ninguém. Mas uma coisa sim estava diferente: a cidade. Como a sua casa ficava num extremo da cidade e numa colina era fácil ver o que se passava lá. E viram o que estava diferente desta vez. Aliás não viram nada. Não viram vultos, nem helicópteros, nem tanques.
A cidade estava silenciosa mas grandes labaredas se viam ao longe.
“Parece que o ataque já acabou”disse o João;
“Sim, pois, por agora parece.”confirmou o André.
Talvez o “ataque” tivesse parado. Talvez…
Saíram para a rua e desceram até ao centro da cidade. Foram olhando a volta: quase tudo parecia estar destruído. Prédios em chamas e outros que já não existiam ou que então tinham enormes buracos de balas ou algo parecido. Parecia o fim do mundo ali no centro da cidade. Continuaram a correr e quando chegaram ao centro da cidade começaram a ver o que pior podiam ver naquela noite: Corpos. Corpos de seres humanos por todo o lado. Alguns decapitados e outros sem membros. Mas todos pareciam mortos.
André chegou perto de um corpo de um militar e reparou que tinha sido morto mas não por balas. Parecia que uma bola de fogo lhe tinha queimado o peito. O cheiro a carne queimada era intenso e nojento. Aliás tudo aquilo, aquela visão da cidade, dava vómitos ao João.
De repente um barulho surdo irrompe o silêncio da cidade e um grande clarão passa por eles. Tinha vindo do outro lado da rua pois lá viam-se luzes e lasers. Eram os vultos.
“Vamos João, corre para aquela rua. Rápido!” gritou o André apontando para a rua oposta onde estavam os vultos.
André e o João correram e viraram a esquina sendo quase consumidos por dois clarões. Viram uma porta que estava semi-aberta e entraram. Bloquearam na com uma mesa pesada que estava por detrás da porta. Aquele sítio era familiar. Olharam a volta e encontraram um grande quadro com um símbolo. Tinham entrado nas traseiras do edifício da “NovaFM”. Tinham chegado onde queriam. O edifício parecia estar em condições razoáveis porque só se viam algumas coisas tombadas e luzes d iluminação a piscar.
“João vai para aquele lado que eu procuro nesta zona.” disse o André apontado para o lado oposto da sala onde entraram.
Tinham que encontrar um mapa do edifício pois a única coisa que conheciam de lá foi o hall de entrada. O resto estivera sempre interdito a eles.
“Encontrei!” gritou o João. O André correu até ao pé do João e observou o mapa:
“Temos que subir…” disse o André. O seu objectivo principal ficava a três andares a cima deles. Correram para as escadas e começaram a subir. Subiram até ao primeiro e depois até ao segundo andar e pareciam completamente desertos. Só se viam papeis no chão e secretárias tombadas. Subiram até ao terceiro andar e este quase que já não existia. As paredes que davam para a rua já não existiam e havia ainda mais coisas derrubadas naquele andar que nos outros. Subiram então para o quarto andar e ouviram barulhos.
”Espera.” sussurrou o André para o João.
Chegaram a esquina depois das escadas e olharam para o fundo do corredor. Haviam duas portas, ambas abertas mas só uma tinha luz. De repente um grande clarão passa de uma porta para a outra fazendo um grande estrondo. Começa-se a ouvir alguém a recarregar uma caçadeira rapidamente quando dois clarões irrompem o ar, quase destruindo a porta onde supostamente estava o homem da caçadeira. Dois vultos correm em direcção a outra porta quando se ouve dois disparos de caçadeira. Tudo ficou calmo. Os irmãos, depois de verem que aquela luta parecia ter acabado, decidiram ir até à porta onde supostamente estava o homem da caçadeira. Quando lá chegaram, gritaram:
“Está ai alguém?” gritou o André;
“Está. Vem, vem que agora já não há perigo. Eles estão mortos.” disse o homem da caçadeira.
O João e o André entraram na sala e viram que só lá estavam duas pessoas: o homem alto e magro com uma caçadeira na mão ao pé da janela e uma rapariga com mais ou menos a idade deles, sentada numa cadeira afastada das janelas. Parecia assustada.
“Quem são vocês e o que é que aqui estão a fazer? ” perguntou o homem da caçadeira;
“Somos o André e o João. Ouvi-mos a frequência de emergência e decidimos vir cá para pedir ajuda. Parece que todos estão mortos…”
“Eu sou o David e aquela é a minha filha Maria. É verdade que todos parecem mortos mas ainda existe algumas pessoas vivas na cidade.”
De repente ouve-se o barulho de passos no corredor…
“Rápido há uma conduta de ar por detrás daquele armário. Fujam por lá!” disse o David;
“Mas pai não te podemos deixar!” gritou Maria quase a chorar;
“Por favor levem-na e salvem-se. Eu consigo dar-vos algum tempo para fugir…”
André e o João empurram o armário para o lado e empurraram a Maria para a conduta. Entretanto David já os tinha fechado. O barulho de passos era cada vez maior.
O som de passos pára e começa-se a ouvir grandes estrondos e tiros de caçadeira. A luta tinha começado. Ouvia-se David ao gritos, a lutar pela sua vida com a caçadeira em punho, até que tudo se calou.
E o silêncio da morte cobriu a sala onde David estava...

4

E o silêncio da morte cobriu a sala onde David estava…
Infelizmente, tudo indicava o que os três pensavam: David tinha morrido a frente deles, onde só um armário evitava ver aquela imagem de horror.
Deveria ser o pior momento da vida de Maria. Notava-se simplesmente pela expressão que ela tinha no rosto. Estava completamente imóvel com a boca aberta e com as lágrimas a correr pela face abaixo. Estava completamente desolada.
Apesar de tudo ser muito triste para ambos, uma coisa ainda permanecia viva: a hipótese de eles sobreviver. E era algo que agora não poderia ser desperdiçado de maneira nenhuma.
Quando Maria voltou a cair em si, agarrou-se com muita força a André, e ambos se abraçaram.
“Vai ficar tudo bem Maria…” sussurrou André ao ouvido de Maria.
Apesar de aquele momento ser de profunda tristeza para ambos, a sensação de ter uma rapariga tão bela nos braços era muito reconfortante para André.
Afastou-a um pouco e olhou-lhe nos olhos. Limpou-lhe as lágrimas com a camisola e acariciou-lhe os cabelos.
“É melhor seguirmos. Não devíamos desperdiçar esta oportunidade que o teu pai nos ofereceu…” disse André para Maria.
“Mas porque é que ele tinha que me deixar?” interrogou-se Maria. Parecia que ela iria rebentar de tristeza e começar aos gritos a qualquer momento.
Tinham que avançar pois começava-se a ouvir um grande remexer de coisas, como se os seus perseguidores procurassem algo que lhes tivesse escapado.
Seguiram lentamente pela conduta. Esperavam encontrar rapidamente uma saída mas parecia que a sorte não se encontrava no lado deles. Continuaram a gatinhar pela conduta ao longo de vários minutos até que encontraram uma pequena luz a alguns metros deles.
“Ali! Vamos, rápido!” disse o João.
O André e Maria aceleraram o gatinhar atrás dele. A um metro da luz, um súbito ranger faz-se sentir e de repente a conduta inclinou-se para baixo e eles caíram…
Por sorte, caíram num caixote do lixo com grandes sacos. A queda não tinha sido de uma altura muito grande.
“Estão todos bem?” Perguntou André olhando para Maria e para João
Ambos disseram que sim.
“Parece que voltamos as traseiras da rádio.” disse André, olhando à volta.
“O teu pai não disse para onde deverias ir caso acontecesse alguma coisa?” Perguntou ele olhando para Maria.
“Ele falou-me num laboratório de uns cientistas conhecidos dele que ficava na outra ponta da cidade. Fica perto da floresta. Eu sei o caminho para lá.” disse Maria.
“Então e para lá que iremos.” disse André
Correram até a estrada principal onde se encontrava aquela nauseante imagem de mortos. Era revoltante ver aquela cena de horror de novo. Mas estava no seu caminho.
Maria ficou especada a olhar para aquele cenário. André puxou-a e seguiram pela estrada acima. A destruição não era menor apesar de não se verem tantos corpos espalhados pela rua. Talvez fosse pelo facto das construções maiores terem ficado para trás e agora só se visse partes de o que fora outrora vivendas.
O fim da estrada já se via e também alguns troncos das árvores das florestas. De repente um leve zumbido surgiu por detrás deles. Olharam para trás mas nada viram. Deviam ter olhado antes para cima… Subitamente, uma luz aparece em volta do grupo. André saca do revolver e dispara directamente para aquele objecto de aspecto metálico que pairava por cima de eles. Nada aconteceu.
De repente uma sensação de muito bem-estar e de um grande relaxamento invade-os e eles começam-se a elevar como se algo os tivesse a puxar para a luz. Não conseguiam mexer nem um músculo.
Quando estavam a chegar perto do objecto metálico, desmaiaram…
Talvez todos os esforços daquela noite tivessem sido em vão…

5

Talvez todos os esforços daquela noite tivessem sido em vão…
Uma luz forte cegava a visão de André quando ele tentou abrir os olhos. A pouco e pouco a pupila adaptou-se àquela estranha luz e apesar de atordoado, André conseguiu ver que se encontrava fechado numa espécie de cápsula e que por sua vez se encontrava numa sala redonda de aspecto metálico polido. Mas o que mais lhe chamara há atenção foi um verde brilhante que vinha de quase todos os lados da sala.
Algo envolvia-o, uma espécie de gel aquecido que emitia um tom esverdeado, florescente e que apesar de André estar completamente nu não tinha qualquer frio pois aquilo mantinha-o quente.
Sentia se fraco. Muito fraco. Como se algo lhe sugasse todas as suas forças muito lentamente. Olhou à volta, há procura de algo que o permitisse sair daquela jaula verde. Foi então que reparou que tinha um mecanismo cravado na zona do peito, onde estava exactamente o seu coração. Apalpou aquela coisa negra, que parecia completamente colada ao seu peito, imóvel, e tentou ver se a conseguia desprender. Carregou em todas as coisas que lá existiam, tentou desapertar as juntas dos tubos até que, mesmo no centro do dispositivo, André rodou um pequeno manípulo. De repente, um grande esticão seguido de um puxão muito forte deixam-no de rastos porque parecia que o peito lhe iria ser arrancado. O dispositivo tinha-se desprendido do corpo e tinha deixado a sua marca de passagem: seis buracos profundos num círculo maior e outros seis num círculo mais pequeno.
Subitamente, um ardor muito forte tomou conta do peito de André. Aquele gel estava a borbulhar intensamente nos buracos que ele tinha no peito. Contorcia-se de dor e parecia que a sua vida iria acabar ali com tal dor tão lancinante.
Mas parou. Desapareceu completamente. E também tinham desaparecido aquelas horríveis marcas. Talvez fosse o propósito daquele gel: mantê-lo quente e curar qualquer ferida que houvesse no seu corpo.
Agora restava-lhe resolver um dos seus maiores problemas: sair daquele sarcófago cheio de gel revitalizador. Olhou a volta do interior da cápsula mas parecia não haver nenhuma abertura nem sequer qualquer marca de juntas terem sido soldadas ou algo que se parecesse com construções metálicas. Era uma peça única de metal com apenas um vidro.
“O vidro!” pensou André.
Era talvez a parte mais fina daquele compartimento e a única hipótese de ele sair dali. Sentia-se ainda um pouco fraco mas tinha força suficiente para partir aquela barreira. Chegou-se um pouco para trás, reuniu um pouco de força que tinha e socou o vidro. Uma dor insuportável subiu-lhe pelo braço a cima e o ar dos seus pulmões sumiu-se completamente. Recostou-se há cápsula e apertou o braço com força pois parecia querer explodir de dor a qualquer momento.
“Talvez o gel faça alguma coisa…” falou André para ele próprio.
Deixou o braço cair naquela estranha gelatina há espera que um grande ardor se juntasse há sua dor já adquirida, mas, para alívio dele, isso não aconteceu. Antes pelo contrário, pois aquele gel deu lhe uma sensação de frescura que o aliviava rapidamente da sua dor.
Tinha que sair dali. Levantou-se e desta vez, com a mão esquerda, procurou juntar toda a sua força e disparou um soco contra o vidro. Vidros pintados de vermelho e bocados de gel voaram para a grande sala. André tinha a mão completamente ensanguentada e tinha vários vidros espetados, inclusive dois vidros com três centímetros de altura. A dor era extremamente horrível e ele tremia como se tivesse por cima de um sismo. Agarrou naqueles vidros e retirou-os rapidamente mas, mesmo assim, a dor era tal que as lágrimas começaram a escorrer do seu rosto. Tinha que utilizar, mais uma vez, um pouco daquele gel que ainda restava na cápsula.
Voltou um pouco atrás e pegou um pouco daquela mistura viscosa de vidros, sangue e gel e aplicou na mão ferida. De novo o ardor surgiu mas não com tanto intensidade que anteriormente. Talvez os cortes não fossem tão profundos como os buracos deixados pelo estranho dispositivo.
André ergueu-se e olhou a volta. E o que viu, de certa maneira, aterrorizou-o completamente: aquela sala estava completamente cheia de cápsulas, iguais àquela de onde ele saíra, onde havia muitas mais pessoas envoltas no viscoso gel. Entre os vários invólucros encontravam-se Maria e João. Mas iria ser difícil tirá-los de lá de dentro porque ele não arriscaria cortar-se de novo como teve que fazer na sua cápsula. E estava nu. Alguma coisa deveria ter acontecido as suas roupas assim como ao seu revólver.
Na sala, entre duas cápsulas havia um espaço vazio, como se lá falta-se um dos compartimentos. Então André correu até esse espaço vazio a fim de encontrar uma abertura ou algo que o fizesse sair dali. Um leve zumbido surgiu e uma porta abriu mesmo a frente dele. Dava para um corredor que não parecia muito grande mas era bastante alto. No topo passavam a grande velocidade, duas esferas azul-arroxeadas, o que apesar de estas iluminarem um pouco, a visão reduzida à mesma. André encostou-se a um dos lados do corredor e seguiu em frente até encontrar uma curva sem saída. Continuou até, de repente, o mesmo zumbido surgiu e outra porta abriu-se.
“Devo estar em algum supermercado…” penso ironicamente André.
Ao contrário do corredor, esta sala estava bem iluminada e felizmente era mesmo a que ele procurava. Espalhado ao longo de várias mesas e pelas paredes encontrava-se roupas, acessórios, como telemóveis, bolsas, cintos e mochilas, entre os quais encontrava-se o seu revólver. Correu até à mesa onde estavam os seu pertences e reparou num laser, como os que tinha visto antes na sua casa, a pesquisarem todos os detalhes dos objectos que se encontravam em cada mesa. Estas possuíam um pequeno ecrã num dos lados que supostamente controlava os lasers. André olhou para o ecrã da mesa a que pertencia o revólver e em vez de ver letras, viu o que parecia ser uma conjugação de várias figuras geométricas dentro de um grande rectângulo. Arriscou e carregou no ecrã, no sítio onde estavam as figuras e… Teve sorte. O laser desligou-se e o braço subiu, como se tivesse sido sugado por alguma coisa. André pegou na roupa, vestiu-se e guardou o revólver no bolso. Só faltava a roupa do seu irmão e a de Maria, que se encontravam nas próximas duas mesas. Fez a mesma coisa que fizera na sua mesa e levou todos os pertences para a porta de saída. Já no corredor voltou onde tinha saído e reparou que aquelas bolas que antes vira a movimentarem-se num sentido pareciam agora estar num movimento oposto e com uma cor mais avermelhada. Apesar da mudança, André não deu muita importância àquele fenómeno e continuou pelo corredor. O seu irmão e Maria eram muito mais importantes naquele momento. Correu até à sala das cápsulas e ai pousou a roupa. Primeiro o seu irmão. Chegou a cápsula, virou o revólver ao contrário e com a coronha da arma partiu o vidro da cápsula de João. Ele também tinha um daqueles dispositivos negros no peito. Segurou-o e retirou-lhe o dispositivo. Foi igualmente violento, tal e qual como aconteceu a ele. Puxou-o para fora da cápsula e deitou o no chão frio. Ainda se encontrava a dormir. Pegou num bocado do esverdeado liquido gelatinoso e aplicou-o no peito. De repente um grande borbulhar aparece e João levanta-se aos gritos.
“ Psssiu, sou eu João. Mantêm-te deitado que este gel vai te ajudar.” Disse André, tapando a boca do irmão.
“Mas isso arde imenso! Pára! Eu não aguento!” disse João, completamente desfeito em lágrimas.
Mas mal ele acabou de falar já as feridas tinham sarado. Pegou nas roupas e deu ao irmão.
“Vá veste-te que eu vou tirar a Maria daqui…” disse André, dirigindo-se à cápsula de Maria.
Pegou no revólver e partiu o vidro. Ali estava a visão mais bela da sua vida. Apesar das circunstâncias, André não conseguia deixar de reparar o quão era bela Maria e o quanto o deixava completamente imóvel, a admirar o seu lindo corpo feminino. Mas tinha que salvá-la se queria passar mais tempo com ela. Entrou dentro da cápsula, agarrou-a firmemente contra o seu corpo e soltou o dispositivo. Deitou a sua figura nua no chão e olhou-a. E ficaria a olhar para sempre para ela. Mas a ferida que ela tinha no peito tinha que ser tratada. Aplicou-lhe um pouco de gel e esperou para ver se ela acordava com o ardor da cura. Mas isso não aconteceu. Abanou-a um pouco, até chamou por ela mas ela parecia continuar a dormir profundamente. Então tomou uma decisão: beijou-a. Sentiu algo que nunca tinha sentido na sua vida. Algo maravilhoso que o fez voar. Era como se tivesse saído daquele inferno de dor e estivesse no sítio mais confortável do mundo. Mas sentiu Maria a acordar.
“André? O que se passou? Porque… porque é que estou nua?” interrogou-se Maria, encolhendo-se perante a figura de André.
“Desculpa-me. Tirei-te agora daquela cápsula e estava tão preocupado que nem me lembrei de te vestir… Desculpa-me… ” disse André, corado apontando para a cápsula.
“Ele está a dizer a verdade. Ele também me salvou…” disse João, enquanto André passava a roupa a Maria.
“Mas onde é que estamos?” perguntou Maria.
“Sinceramente não sei. Pelas coisas mais estranhas que já vi hoje, ou estamos dentro de uma nave, ou estamos a sonhar…” disse André.
“Mas mesmo que seja uma das duas hipóteses, neste momento devíamos era tentar sair daqui.” disse André, a apontar para a porta inexistente.
“Como, se esta sala não tem portas?” interrogou João.
“Venham.” disse André, correndo para o espaço vazio.
Outra vez o leve zumbido surgiu e a porta abriu-se. Desta vez o corredor estava completamente escuro. André seguiu na frente do grupo, pois já conhecia um pouco melhor aquele sinistro corredor. Continuou encostado à parede até que a porta da sala dos lasers abriu-se e iluminou o corredor.
“Deve haver outra porta por aqui porque o corredor não deve acabar desta maneira.” disse André, olhando a volta.
Era difícil encontrar qualquer saída porque aquilo parecia uma peça única onde não existiam quaisquer aberturas. Antes havia aquelas estranhas bolas que giravam e nunca viraram para a sala dos lasers mas sim continuavam em frente e desapareciam por instantes. André correu mais alguns metros até encontrar o final do corredor. Vazio. Chegou-se à parede, e tal como ele pensara, um zumbido surgiu e uma porta mesmo à frente dele abriu-se. Sacou do revólver e manteve-o apontado para a sua frente. Entraram e olharam à volta. Parecia uma sala de controlo pois existia várias luzes indicadoras e muitos ecrãs com as tais figuras geométricas. André guardou o revólver e eles chegaram-se ao pé de um de esses ecrãs que parecia emitir qualquer coisa: “Estamos a ser invadidos por bzzzz várias cidades do mundo tsssst muitos mortos tssst pensa-se que vieram cá para bzzzzz…”.
“Temos mesmo que sair daqui o mais rápido possivel” disse André.
Quando se viraram para trás, para procurar outra porta, depararam-se com três vultos altíssimos, cada um com uma espécie de pistola, a qual nunca tinham visto na vida, apontada directamente para eles.
André tentou sacar do revólver mas em vão pois os vultos já tinham disparado. Um grande clarão azulado foi a ultima coisa que viram e caíram no chão inanimados…




Continuação aseguir

Última edição de inblack : 21-05-2009 às 16:06.
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  #2  
Velho 21-05-2009, 15:59
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6
Um grande clarão azulado foi a ultima coisa que viram e caíram no chão inanimados…
Memórias da sua infância surgiram pelo sabor a folhas secas que tinha na boca. Doía-lhe bastante a cabeça, ao ponto de sentir o rugido do sangue a correr nos seus ouvidos e a sua cabeça estalava violentamente de dor.
Olhou à sua volta e viu João e um pouco depois Maria, deitados no frio amontoado de folhas mortas, como se fossem apenas cadáveres devastados pela morte. Correu até ao seu irmão, ergueu-o ligeiramente e abanou-o, numa tentativa de o acordar daquele destino que para André era impossível. Mas, lentamente abriu os olhos, olhando imediatamente para André mas subitamente levou as mãos à sua cabeça.
“Ai que dor!” disse choramingando. “O que foi que aconteceu?”
“Eu só me lembro de tentar disparar contra umas daquelas coisas e depois, um grande clarão. A seguir apenas me lembro de estar estendido no chão…” disse André, esfregando a cabeça e olhando em seu redor.
Quase não havia luz, apenas pequenos feixes vindos da Lua, trespassavam as silhuetas finas das árvores à sua volta. Estavam numa floresta, possivelmente a que era seu destino antes do “pequeno” incidente que tiveram naquela noite.
“Maria?” gritou André com todo o ar dos seus pulmões. O gritou ecoou pela floresta adentro.
Uma pequena silhueta feminina via-se em movimento onde anteriormente estava Maria imóvel. Os seus cabelos castanhos brilhavam com a luz fria da lua e ela parecia cambalear um pouco, como um bêbado no auge da sua bebedeira, mas este caso particular não havia qualquer álcool envolvido. Talvez fosse o que tinha causado a dor de cabeça dos irmãos tivesse deixado Maria naquele estado.
“Estás bem?” perguntou André.
Não obteve qualquer resposta. Correu até ela mas quando os seus olhos os permitiram ver exactamente como a sua amiga estava o seu coração quase explodia num movimento ritmado violento: Maria tinha dois focos de luz esverdeados, de uma cor muito familiar, a saírem da sua face. Estava com a respiração lenta, grotesca e possante, como se não fosse um ser humano naquele frágil corpo.
Aproximou-se lentamente dela mas ela continuou imóvel e aparentemente a definhar, de cabeça pendurada, como se não houvesse quaisquer ossos no pescoço, apenas carne.
“Maria, estás bem??” perguntou André aproximando-se dela. Tocou-lhe no ombro e uma sensação gélida tomou-lhe a palma de mão e todo o seu braço. Ela estava completamente gelada e tesa mas via-se facilmente que ainda estava viva. Um ponto de luz menor, quase imperceptível, surgiu num dos muitos buracos da sua camisola num verde semelhante ao que os seus olhos emanavam. Subitamente, como se de um interruptor se tratasse, Maria cai desamparada nos braços de André, sem quaisquer luzes no seu corpo, completamente inconsciente e apagada. Deitou-a cuidadosamente no chão coberto de folhas e tentou acordá-la mas não foi o que aconteceu. Novamente aquela visão de ela estar morta assolou-lhe a mente e principalmente o coração. Felizmente, uma sensação de ternura, algo que lhe fazia remexer as entranhas e agarrou-se quase com toda a sua força ao corpo inanimado da amiga. Apesar do toque gélido dela, conseguia-se sentir uma leve sensação de calor corporal e havia um pequeno toque ritmado mesmo no fundo do seu peito. Beijou-a simplesmente. Talvez o impulso mais estranho da sua vida mas beijou-a. Um turbilhão de sentimentos surgiram na sua cabeça, no seu coração, no seu estômago! Arrepios saltavam da sua pele e luzes piscavam nos seus olhos fechados e tinhas as suas entranhas no autêntico frenesim de euforia. Mas sentiu alguma coisa a fazer força contra o seu peito: abriu os olhos e viu a sua deusa das suas emoções, acordada e a tentar afasta-lo daquele belo momento de prazer.
“Desculpa-me” disse André afastando-se lentamente de Maria.
Não muito podia-se ouvir João a deliciar-se com a situação soltando gargalhadas asfixiadas de tanto rir.
“Porque é que fizeste isso?” gritou Maria extremamente irritada.
“Tu desmaiaste e eu amparei-te nos meus braços. Desculpa mas estavas linda. Já não sei o que se passa comigo mas não consegui resistir ao impulso. Desculpa-me por favor.” disse André muito envergonhado com ele próprio.
“Eu não gosto nada do que tu me andas a fazer. Começas-me a meter um pouco de medo com essas tuas atitudes.” disse Maria visivelmente zangada e assustada.
Já João tossia de tanto rir olhou à sua volta e reparou que a luz da lua já começava a desaparecer e assim era preciso saírem dali para que os Vultos não os apanhassem.
“Maria, por acaso sabes onde estamos?” perguntou João coçando a cabeça
“Eu não tenho a certeza mas acho que estamos na floresta onde queríamos ir.” disse Maria olhando em seu redor.

Esta 6a parte ainda nao ta completa, ando a escreve la ainda e isto foi o q ja passei para o papel

Digam coisas!

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  #3  
Velho 13-06-2009, 23:46
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Por Defeito

hehe esta a ficar engraçado estou curioso por ler o resto

mas aconselho, se for algo para ficar enorme como algo com 100 150 paginas etc que a registes primeiro na sociedade portuguesa de autores e so depois a ponhas na net, de qualquer das formas continua que ta giro
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